Martha Medeiros

Hoje a dica de livro é múltipla, porque são fã da Martha Medeiros e todos os livros dela que já li são ótimos. Ela é poeta, cronista, romancista, e publicava suas crônicas em uma coluna de um jornal de grande circulação (não sei se ainda tem… não pesquisei). Possui uma sensibilidade única para fatos cotidianos e um ótimo senso de humor. Então vamos lá:

O primeiro que li foi “Doidas e Santas“

Doidas e Santas reúne cem crônicas que falam direto ao coração. Nelas, Martha expõe os anseios de sua geração, as alegrias, os dramas, desilusões, neuroses e também os prazeres e delícias do cotidiano de uma vida adulta. Como são textos independentes, você pode escolher a crônica, sem precisar ler na ordem. E é claro, algumas a gente gosta mais, se identifica mais, mas todas são boas.

“Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de 360 graus para sermos considerados sábios” (trecho do livro).

Vale a pena ler o livro com uma caneta na mão e ir destacando as partes mais marcantes. A autora usa palavras de fácil entendimento e consegue falar diretamente com o leitor. Para aqueles que gostam de uma boa e descontraída leitura, recomendo.

>“Podemos, claro, amadurecer, ficar mais leve, lidar com nossas fraquezas com mais bom humor, mas suprimi-las para sempre? Sem chance. No máximo, trocamos alguns problemas por outros.” ( trecho do livro).

Depois li “ Feliz por Nada” , uma coletânea de mais de oitenta crônicas abordando temas universais como: amor, família e amizades. De acordo com a autora, o livro nos leva a pensar em uma vida conscientemente bem vivida e mais leve, e nem por isso menos visceral.

“Ser feliz não é muito difícil, basta não ficar obcecado com esse assunto e tratar de viver. Quem pensa demais não vive.” (trecho do livro).

Em “A Graça da Coisa” Martha aborda temas que vão desde o barulho de uma cidade grande a uma declaração de amor, falando ainda sobre as vantagens de quem sabe transformar ansiedade em sabedoria. Os temas do cotidiano estão sempre presentes. Ela levanta questões a respeito de alguns temas e busca soluções para encarar o problema, buscando sempre “a graça da coisa”.

“ É um convite a enxergar a vida sem tanta rabugice. Por trás de tudo, mesmo das coisas mais sérias, há algo que desperta nosso humor.”

O livro “Tudo que eu queria te dizer” apresenta várias cartas, com situações e sentimentos possíveis de acontecer com qualquer um de nós. Tem carta de amante enviada à esposa, viúva com saudades do falecido, carta de padre, adolescente, prostituta, enfim, são cartas fictícias, com muito bom humor e inteligência. É como se as personagens decidissem mudar algo em suas vidas e para isso resolvessem colocar nas cartas tudo que queriam dizer e não tiveram coragem. Perdão, vingança, alívio, saudades, um pouco de cada coisa, de cada um de nós, apresentado nessas vozes, que expressam através de cartas os sentimentos.

Você consegue se imaginar no lugar de cada pessoa que escreve as cartas, e também a reação de quem as recebe. Algumas nos fazem rir, outras trazem lágrimas aos nosso olhos, mas ao final ficamos com a nítida sensação de que através de uma simples carta podemos mudar a vida das pessoas.

E enfim, “Quem diria que viver ia dar nisso“, o último que eu comprei e terminei de ler essa semana. Mais uma coletânea, onde a gente fala que vai ler uma crônica por dia mas não resiste e lê logo o livro todo. Neste em especial ela relata, entre os outros temas, a política, que não tinha aparecido tanto nos outros que eu li. Infelizmente vivemos em um cenário político caótico, recheado de corrupções, denúncias e fraudes, e ela demonstra sua indignação, porém sem se posicionar a nenhum partido específico.